O Conselho Regional de Psicologia 9ª Região Goiás informa que foi criada a Comissão Especial de Psicologia das Emergências e Desastres, em consonância com ações desenvolvidas em âmbito nacional estimuladas pelo Conselho Federal de Psicologia.

A primeira reunião desta comissão irá acontecer no dia 21 de maio (próxima quinta-feira), às 9 horas, na sede do CRP-09 (Av. T-2, nº 803, St. Bueno). A intenção é debater o papel e os desafios da Psicologia frente a situações emergenciais. Todos os profissionais interessados no assunto podem participar da reunião.

A presidente da Comissão, conselheira Ionara Rabelo, explica no artigo abaixo um pouco da expectativa de atuação dos profissionais da Psicologia e sua importância em meio a situações extremas. A conselheira atua principalmente na área da Psicologia da Saúde e Hospitalar e já esteve com equipes do Médicos sem Fronteiras em várias missões humanitárias.

Confira:

Artigo de Opinião – autoria de Ionara Rabelo

Com o objetivo de debater tais desafios, na próxima 5ª feira (21/05) a Comissão Especial de Psicologia das Emergências e Desastres irá realizar sua primeira reunião na sede do Conselho Regional de Psicologia e convida profissionais interessados no assunto para participar.

Os desastres naturais afetam cada vez mais populações da cidade e do campo pois há uma confluência de fatores sociais como moradias inseguras, ocupações urbanas em terrenos impróprios, desmatamento, dentre outros. Desta forma, chama a atenção que a maior parte dos desastres poderiam ser prevenidos ou mesmo diminuir o impacto dos mesmos na medida em que os países se prepararem para tais situações.

No Brasil, esta temática se apoia na Lei 12.983 de 2 de junho de 2014, para dispor sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações de prevenção em áreas de risco e de resposta e recuperação em áreas atingidas por desastres. Há uma Política Nacional de Proteção e Defesa Civil sancionada pela Lei 12.608 em 2012 que orienta as ações em todo o território nacional.

Falar em desastres muitas vezes é falar de situações que passam invisíveis pela mídia, quando se tornam frequentes e, portanto, passam a ser tratadas como naturais. Em Goiás, os fenômenos que mais afetam as pessoas são as inundações, vendavais, erosões, seca e estiagem. Tal fenômeno se dá porque o Estado tem duas estações muito bem definidas com chuvas de outubro a abril e seca de maio a setembro. Percebe-se então que há desastres em nossa região, sem falar nos acidentes tecnológicos como foi o acidente radiológico com Césio 137.

Quando se fala em desastres há que se considerar o sofrimento humano e, portanto, a importância da Psicologia se aprofundar nesta temática e implementar recursos para atender afetados e trabalhadores. Psicólogas e psicólogos podem se envolver com a psicologia das emergências e desastres em diferentes momentos. Por exemplo, na fase de prevenção, quando trabalham em políticas de moradia e renda, na área educacional, política de assistência social, instituições de saúde ou em Organizações Não Governamentais (ONG) pode-se fazer capacitações para a percepção de risco ou trabalhar projetos para mobilização comunitária para minimização de vulnerabilidades sociais e mapear áreas de risco.

Para a fase de preparação, a Psicologia pode apoiar as comunidades a construir e executar planos de contingência, dando especial atenção a quem tem maior vulnerabilidade, como pessoas com deficiência, mobilidade reduzida, crianças e idosos.

Na fase de resposta e recuperação pós-desastre pode atender pessoas afetadas (profissionais dos serviços de saúde) ou capacitar equipes de socorristas e voluntários nos primeiros cuidados psicossociais, administrar abrigos provisórios (principalmente psicólogas e psicólogos que atuam na Assistência Social) e na concepção dos planos de reconstrução reforçando o protagonismo dos afetados.

Sendo assim, percebemos que é imprescindível sairmos de uma visão de uma Psicologia que espera o desastre ocorrer para então se apresentar para cuidar das vítimas, para passarmos a uma postura de problematização das relações sociais que provocam desigualdade e vulnerabilidade. Sendo assim, entendemos que é imprescindível debater o fazer da Psicologia em toda a gestão de riscos para os desastres.

Com o objetivo de debater tais desafios, na próxima 5ª feira (21/05) a Comissão Especial de Psicologia das Emergências e Desastres irá realizar sua primeira reunião na sede do Conselho Regional de Psicologia e convida profissionais interessados no assunto para participar.