Conselho de Psicologia entrevista a psicóloga Arlene Barros sobre a campanha Outubro Rosa

A campanha “Outubro Rosa” visa incentivar as mulheres a fazerem os exames de prevenção ao câncer de mama. A primeira ação aconteceu em 2002, com a iluminação em rosa do Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, e posteriormente a iniciativa virou campanha do Ministério da Saúde.

Para falar mais sobre a temática, o Conselho de Psicologia entrevistou a psicóloga Arlene de Castro Barros. Ela é mestre em Psicologia, especialista em Psicologia Hospitalar e em Neuropsicologia. É professora na PUC-GO e psicóloga no Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás há 23 anos.

Confira:

A campanha Outubro Rosa tem contribuído efetivamente para a descoberta precoce do câncer de mama? Em que ela pode auxiliar no combate ao câncer?

Sim. Por ser uma campanha de chamada de atenção para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, o “OUTUBRO ROSA” tem como objetivo informar e alertar o maior número possível de mulheres, sobre a importância de se combater esse tipo de câncer.

É uma campanha marcada por ações do Ministério da Saúde em parceria com diversos órgãos e entidades, como o Instituto Nacional de Câncer – INCA e o Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás – ACCG, que intensificam os esforços pela detecção precoce do câncer de mama, visando um tratamento ágil e qualificado que, são fatores que contribuem para o bom prognóstico de cura.

Como é o trabalho da (o) psicóloga (o) hospitalar com a paciente que está tratando ou descobriu que está com câncer?

A atuação da (o) psicóloga (o) com uma paciente que tem câncer de mama deve acontecer desde o momento da investigação diagnóstica porque ao receber esse diagnóstico, a mulher vivencia a expectativa de um futuro incerto, de um caminho de grandes dificuldades e, também, o medo da morte e mutilação. Portanto, a mulher convive com sentimentos contraditórios e intensos, nos quais o medo, a raiva, a incerteza e até mesmo a aceitação passam a fazer parte do seu dia-a-dia.

O modo como esse diagnóstico influencia a conduta da mulher é, em parte, construído ao longo de suas experiências e do significado que a doença tem para ela.

O acompanhamento psicológico deve continuar ao longo do tratamento (cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia), independente do estágio da doença, até mesmo em cuidados paliativos.

Também é realizado um acompanhamento com os familiares desta paciente? De que forma ele é feito?

A confirmação do diagnóstico causa impacto psicossocial tanto na paciente quanto em seus familiares. Tal impacto requer uma rede social de apoio, com vistas a facilitar o reconhecimento e a aceitação da doença e, encontrar a melhor forma de adaptação.

O profissional da psicologia acompanha esses familiares cuidadores, em virtude do entendimento de que, se em uma família um membro adoece, o restante da família adoece junto, passando a sofrer emocionalmente, porque há mobilização em função da pessoa doente.

Então, o apoio psicológico é disponibilizado desde o preparo para recebimento do diagnóstico até o final do tratamento. Em caso de óbito da paciente, prossegue-se com o suporte pós-óbito à família.

Qual a maior preocupação dos profissionais da Saúde em relação ao câncer de mama?

A preocupação dos profissionais de saúde está no conhecimento de que o câncer de mama é a primeira causa de mortes frequentes por câncer em mulheres e a quinta causa de morte por câncer, em dados gerais, segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS.

De acordo com o INCA (2016), é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma, respondendo por cerca de 25% dos casos novos a cada ano, com estimativa de 57.960 para 2016, considerando o número de mortes de 14.388, sendo 14.206 mulheres e 181 homens. Também, acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença.

O câncer de mama ainda é um assunto velado entre as pacientes que recebem o diagnóstico?

Sim. Por ainda ser motivo de grande temor nas mulheres, em decorrência do elevado índice de morbimortalidade e de mutilação, com consequente comprometimento da autoestima e do desenvolvimento social de quem é por ele acometido. Além de que, interfere sobremaneira nas relações sociais, pessoais, profissionais e afetivas.

Diante dessa doença, a mulher passa por completa mudança em suas relações sociais, familiares e com ela mesma. Requer, portanto, além de uma assistência médico-hospitalar, assistência humanizada capaz de vê-la como pessoa que sofre, mas que não perdeu a sua essência.

A queda de cabelo devido a quimioterapia e também a mutilação da mama são experiências difíceis que muitas mulheres que têm câncer de mama vivenciam. Como é feito o acompanhamento psicológico relacionado à reação a essa situação?

O apoio é feito a partir do esclarecimento dos possíveis efeitos colaterais provenientes dos tratamentos e do levantamento e construção de estratégias de enfrentamento mais eficazes e condizentes com a situação da paciente, considerando suas crenças, hábitos e qualidade de vida.

É importante que a paciente seja assistida em conjunto com o mastologista, oncologista, radioterapeuta, nutricionista e psicóloga (o).

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