Posicionamento do CRP-09 sobre a morte de nove adolescentes ocorrida na Unidade de Internação para Adolescentes

O Conselho Regional de Psicologia 9ª Região Goiás (CRP-09) foi convidado por veículos de comunicação para falar sobre o incêndio ocorrido no Centro de Internação Provisória para Adolescentes (CIP), na última sexta-feira (25/05), em que nove adolescentes morreram, em Goiânia. A presidenta do CRP-09, Ionara Rabelo, explicou à TV UFG e à Rádio CBN Goiânia que, desde o ano passado, o Conselho de Psicologia e outros conselhos da área da saúde fizeram fiscalizações em conjunto em diversos Centros de Internação do Estado de Goiás. "Nós encontramos espaços totalmente inadequados. As equipes disseram que as condições eram inadequadas, os adolescentes falaram das dificuldades para assistir aulas, para serem atendidos pelos profissionais. Todo o cenário já era muito negativo", relata. A partir dessas fiscalizações, foi feito um relatório que foi entregue em uma audiência pública na Assembleia Legislativa, com o pedido de uma audiência com o governador, que ainda não ocorreu.

Na última quarta-feira (30/05), foi realizado um ato na frente do 7º Batalhão da Polícia Militar, onde funcionava o CIP. Familiares e movimentos sociais cobraram respostas sobre a tragédia. Ionara acredita que é preciso acolher os profissionais que trabalham no local, assim como os adolescentes que ainda estão internados e as famílias das vítimas. "Existe um grupo vinculado à Secretaria de Saúde que está se articulando para que essas famílias sejam atendidas, para que esses profissionais sejam ouvidos”. Ela alerta também para a importância no apoio jurídico que famílias precisam para encontrar respostas. “Esses adolescentes estavam sob a tutela do Estado, que precisa responder pelo que aconteceu", explica.

Durante o ato, os conselheiros do CRP-09 ouviram os relatos de familiares dos adolescentes mortos no incêndio. "A irmã de um dos adolescentes contou que estava esperando o irmão dela voltar para casa, mas jamais naquelas condições. Foi muito sofrido. Também ouvi o relato de uma mãe, que o filho dela tinha dificuldades, mas que tinha sonhos. Divulga-se mais o ato infracional que a pessoa, quem era aquele menino, eles têm nome, são adolescentes. E nós acreditamos na reintegração social deles que, tendo oportunidades, seria possível eles voltarem para a sociedade. Então, nove meninos não voltaram para casa e não vão voltar nunca mais", aponta.

Para finalizar, a presidenta Ionara ressaltou que a atual política do Estado de Goiás para os adolescentes infratores não contempla a ressocialização. "A lei estabelece que precisaria ter mais equipes de profissionais, um espaço adequado e não celas, que os adolescentes tivessem água quente, comida adequada, espaços para lazer e escola. Que eles pudessem realmente construir sonhos e projetos de vida lá dentro. Meninos encarcerados em um sistema que funciona como uma prisão, ao invés de funcionar como um espaço de reabilitação não é o modelo que se espera para a infância e adolescência em nosso Estado. Isso é preciso ser revisto", argumenta.

Clique aqui e veja a entrevista a partir do minuto 14.

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